por Luana Costa
Hoje, sem mais nenhuma duvida. Já não
procuraria, algo que não sabia o que queria encontrar. Cabelos crespo, olhos esbugalhados que
transparecia a imensidão de meu vazio, pele negra, nariz esparramada no rosto,
e ainda por cima homossexual.
Quis cantar, quis gritar, quis ouvir
pela ultima vez a minha música favorita, porem já não havia bateria no celular,
nem uma vida mais para executar um desejo.
As pernas finas tremiam como varas verdes, do que
ter medo? Ninguém te acalmaria. Sua
imagem será apagado de memórias que nunca foram gravados. Há que veio ao mundo,
se nunca não havia quem lhe dessa uma
chance apenas.
Mas hoje a decisão tomou conta de
seu corpo vorazmente. Não havia gosto em sua boca. Sentiu sede, sentiu fome,
sentiu-se com toda a imundície do mundo. A culpa em suas costas, a discorda da
sociedade, a vergonha, a revolta e a tristeza. Lembrou-se então de que sentia
sede. Desceu as escadas. Nos pés chinelos de dedos, velha e gasta, calça de moletom
cinza, e uma blusa velha que usava pra dormir. Pra que se trocar? pra que se
limpar? pra que? Pra quem? Na porta da geladeira via a foto de sua mão e de
seus irmão. A dor veio lhe visitar, junto com ela veio a covardia, e a
esperança. Lagrimas que estavam presas ganharam vez e voz em um grito que
ecoou. Hoje. Poucas lembranças, lembranças boas. As ruins se tem aos montes, em
abundancia, escorrem pelo ladrão.
Lembrou-se de que tinha sede. Encheu
o copo de água e viu em sua transparência na pequena cascata, uma vida digna,
limpa, pura. Sua sede não era de água, era de vingança. Sede que havia matado.
Cantou sua canção favorita. Não sabia toda a letra, mas mesmo assim cantou, cantarolou uma canção, mas não lembrava a letra. Seu estomago também cantou. Um canto de fome, um grito de dor, uma vontade de matar. Abriu novamente a geladeira, e nem mais água lá havia.
Cantou sua canção favorita. Não sabia toda a letra, mas mesmo assim cantou, cantarolou uma canção, mas não lembrava a letra. Seu estomago também cantou. Um canto de fome, um grito de dor, uma vontade de matar. Abriu novamente a geladeira, e nem mais água lá havia.
Não sabia, mas
havia matado a fome.
Abriu uma porta e subiu as escadas. Uma
brisa, um sopro, fagulhas entrava no seu corpo. Sentia dor. Fechou seu olhos,
sentia medo. Na escuridão agarrou a mão
do fracasso e do desmazelo, ainda estava escuro, o medo lhe deu as costas e
saiu pela porta da frente. A porta aberta e entrou a saudade, desejo e a paixão.
Sentiu falta de sexo, de carinho, e
da reciprocidade mutua. Sentiu vontade de procurar, ligar, perdoar. A dor física
não lhe permitiu. O orgulho acordou.
Olhos fechados.
Chovia. Chegou para lavar o corpo e a alma. Teve frio. Cruzou os braços sobre o
peito
Não sabia, mas
havia matado o frio.
Queria dormir, os sonos dos justos. Mas
abriu seus olhos, olhou para a cidade lá em baixo. Pessoas pequenas,
mesquinhas, frias e calculistas. Lembrou que já não havia mais nada. Não era ninguém.
Não era lembrado, não era visto, tão
pouco era ouvido
Não sabia, mas havia se
matado. E não é de hoje...
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